Na formatura de Harvard em 2008, JK Rowling fala sobre coisas que somente o fracasso pode ensinar, pequenas coisas como apreciar o que se é todo dia e deixar de sonhar grande e longe. O fracasso também é um incentivo na direção de seguir o seu verdadeiro destino, já que não se tem mais nada a perder e a única coisa que temos somos nós mesmos. Somente após um grande fracasso vencido é que podemos ter a certeza de que somos verdadeiramente fortes.
Depois ela fala sobre imaginação no sentido humanitário. Conta da época em que trabalhou na Anistia Internacional e entrava em contato com pessoas que arriscavam suas vidas para contar o que se passava em regimes totalitários, recebia relatos de torturas e assassinatos de homens que lutavam pela liberdade. Foi aí que pode conhecer o pior e o melhor da humanidade.
E aí fala um pouco do que eu gostaria de conseguir transmitir pra tantos dos meus amigos bem-sucedidos-zona-sul-ipanema-leblon-playboy-naotonemai, é sobre a questão da empatia com os que sofrem. Esse enorme afastamento que existe entre os que tem tudo e os que tem nada gera uma absoluta falta de empatia entre ambos, o pobre é visto como ameaça e bandido e o rico como corrupto e maligno. Mas eu acho pior vindo do lado dos ricos (os que tem condições financeiras de escolher os rumos de suas vidas), essa constante busca da identificação somente com os poderosos, que esses arrogantes que nasceram de barriga cheia insistem em buscar ao invés de usar de todo seu conhecimento e toda a riqueza (que receberam simplesmente por nascer) para buscar uma identificação com os sem-poder, me constrange em mesas de bar.
E sabe o que é pior? É que já desisti de falar. Simplesmente não gasto mais energia conversando com os bem sucedidos, vencedores do sistema. Eles não querem saber, se incomodam quando fala-se mal do capitalismo, da situação precária nas favelas e dos políticos corruptos. Meio ambiente e fim do mundo? Já vi amiga minha se levantar da mesa pra não ouvir. Se incomodam porque não são bons nesse assunto e, por isso, tem medo. Sentem-se culpados por ignorarem as minorias e compensam sendo demasiadamente preocupados com animais e crianças. Acreditam que mimar criaturas indefesas compensa as 8 horas diárias incentivando a indústria de petróleo mexicana a privatizar suas reservas estatais.
Me envergonho do ser humano que pensa em si mesmo antes de todos, que se acha especial porque nasceu rico, que desdenha do pobre enquanto toma champanhe em Paris e que acha que manifestação é vandalismo (“Eu acho que eles podiam ter propostas mais concretas”).
Desprezíveis são aqueles que só servem pra ser amigos de festa.
O usuário do sistema de transporte conhece no seu dia-a-dia somente uma única tarifa, aquela que ele paga ao entrar nos ônibus (metrôs, barcas, teleféricos, etc.), ou quando recarrega seu cartão rio card (que por sinal deveria se chamar de Sistema de Concessão de Crédito por parte dos usuários para as empresas, já que você ao encher o seu cartão adianta o pagamento de um serviço que só usará no futuro, mas cujo dinheiro as empresas podem investir onde quiserem e ganharem ainda com a especulação financeira. Mas isto é uma outra história…).
Voltando ao que nos interessa agora, a questão que irá chocar a todos é: não existe uma só tarifa, mas existem DUAS tarifas. A primeira que abordaremos é a chamada Tarifa Real (TR), que seria basicamente a soma dos custos do funcionamento do sistema (manutenção, combustível, salários dos funcionários das empresas, lucro dos empresários, etc) dividido pelo número médio de usuários pagantes. Normalmente o valor da TR é muito grande, e como já falamos em outra ocasião (https://www.facebook.com/photo.php?fbid=186754708194880&set=a.133536566850028.1073741826.126339927569692&type=1&relevant_count=1), os custos para manutenção do sistema são muito elevados e exigem uma concentração de capital muito grande para um funcionamento lucrativo. Ocorre que se fosse cobrado de cada passageiro o valor exato da TR, o preço seria tão elevado que absolutamente ninguém iria querer usar o sistema de transporte e passaria a usar meios próprios para se locomover. Ou seja, isso significaria a falência do sistema de transporte coletivo. Tentando sanar este problema é que surge a Tarifa Social (TS). Como valor da TR seria elevado demais, o poder público propõe outro valor mais baixo, que julga ser possível para as pessoas pagarem e simplesmente paga a diferença, subsidiando o preço final da tarifa (isso mesmo que você entendeu, o governo paga a diferença entre o que o usuário paga ao entrar no ônibus, a TS, e aquela que os empresários das empresas recebem para manterem seus lucros, a TR).
Ocorre que mesmo assim todos ainda saem insatisfeitos. Os empresários reclamam que não têm os lucros que gostariam de ter (o que chamam pelo nome de desequilíbrio financeiro) e os passageiros reclamam que a tarifa é alta demais e que não podem continuar a pagar por ela. Seguindo por esta forma de funcionamento, debater com os empresários é como lavar o focinho de um porco: gasta-se o sabão e chateia-se o porco. Ou seja, dentro desta lógica o problema é não se resolve e os usuários e moradores das cidades permanecem prejudicados.
Aqui se inaugura uma luta, que opõe duas propostas.
Uma é a dos empresários, que passam a atacar as gratuidades (passe livre para estudantes, idosos e deficientes) e também solicitam um montante cada vez maior de subsídios (principalmente através da isenção de impostos para as empresas do setor de transportes).
A outra é a Tarifa Zero. A Tarifa Zero é a simples constatação de que o sistema de transportes coletivos é importante demais para as cidades e que o seu custo é alto demais para que os usuários continuem a financiar a maior parte de seu funcionamento. Por isso os usuários organizados e em luta solicitam uma política de subsídio radical, total e irrestrito por parte do poder público para o funcionamento do sistema de transporte. Dentro desta lógica não há espaço para o lucro privado das empresas privadas, já que aqui é a lógica do bom funcionamento do sistema que deve prevalecer.
Ocorre que isso inaugura uma grande luta: de um lado os empresários das empresas que exploram o sistema de transporte coletivo (e o tornam uma mercadoria, um “business”) e as montadoras de automóveis que querem continuar a vender carros e motos (que poluem, abarrotam e tornam nosso trânsito cada dia mais violento), ambos reivindicando subsídios em busca do aumento de sua lucratividade. De outro, os usuários do sistema que veem no subsídio radical a garantia do seu direito de ir e vir, do seu acesso à saúde, educação, justiça, lazer, enfim, o direito ao acesso à cidade.
Agora pense. Neste quadro existe mesmo alguma possibilidade de tarifa justa? É mesmo viável que os subsídios concedidos pelo governo continuem a servir como fonte de lucro para empresários? Será que é possível negociar nosso direito de ir e vir?
Ocorre que em alguns momentos a prefeitura não está mais interessada em arcar com estes lucros e quer passar parte dos custos aos usuários do transporte. Ocorre que além de tudo isso, a cada novo aumento menos pessoas usam o sistema e isso inicia novamente o “ciclo vicioso das tarifas”. Por todos estes motivos que faremos um ato dia 20/12 para dizer um basta aos aumentos da passagem dos transportes coletivos e apontando a Tarifa Zero como uma solução sobre este impasse.
Então amigo, fica o convite, mas agora é com você.
Ontem aconteceu na Central do Brasil no Rio de Janeiro mais um catracasso. O catracasso consiste em uma tomada de poder pelo povo que, unido, vive por alguns momentos o sonho de um transporte público gratuito (e de qualidade – essa parte inexistente). A massa toma conta das catracas que separam o trabalhador do seu veículo e permite que todas as pessoas pulem o obstáculo financeiro.
https://www.youtube.com/watch?v=rPBdRrjhYqs
Os manifestantes saíram da Candelária em marcha e canto pacífico em direção à central. Grupos partidários, anarquistas, independentes, midia ativistas, protegidos pelo Black Bloc, convocados pelo Movimento Passe Livre do Rio e de Niterói, unidos contra a exploração dos oprimidos.
Na segunda, dia 13 de Janeiro, os empresários aumentaram em mais de 20 centavos as passagens intermunicipais. O Ministério Público se pronunciou dizendo que deviam ter dado dez dias prévios de aviso, claramente ignorados.
E foi divulgado nesse mês que a partir do dia 02 de fevereiro de 2014 a Supervia está autorizada a praticar nova tarifa com valor de até R$ 3,20, segundo o Diário Oficial. E é provável que irão colocar o preço maior possível. Pois pelo “ciclo vicioso das tarifas” há tendência de sempre aumentar a tarifa para compensar o baixo rendimento com a diminuição de usuários, que são excluídos do transporte público por não poder pagar.
Nesse mês o prefeito eduardo paes declarou que vai esperar o parecer do tribunal de contas do município (TCM) a ser dado no início de Fevereiro, segundo um jornal. Esse último declarou no dia 20 de Dezembro que o aumento das passagens não é aconselhável e que há indício de “caixa preta” na estipulação da planilha de custos para justificar a tarifa. E que inclusive o valor de R$2,75 na passagem do Rio está alto demais! Nisso as empresas ligadas à FETRANSPOR foram na Justiça com uma ação exigindo a realização do aumento. E no dia em que ocorreu o ato contra o aumento, 28 de Janeiro, o Tribunal declarou ser a favor deste. Mesmo com toda a irregularidade na analise das contas da FETRANSPOR. E com isso, o Paes anunciou o aumento para 3 REAIS!!
É preciso lembrar que milhões de trabalhadores das cidades vizinhas e periferias dependem do transporte público como deslocamento para a capital, para trabalhar, estudar ou exercer seus direitos: como acesso à saúde, cultura e lazer. Por isso, são os maiores contribuintes e que mais tem gastos com transportes em toda a população.
#contraoaumento
E também no pagamento ao vale-transporte, muitas empresas não querem contratar quem mora distante dos locais de trabalho. Obrigando muitos a apresentar comprovantes de residência perto na capital e pagar do próprio bolso o transporte. A existência de tarifa já provoca, por isso, o desemprego por desalento, onde muitos desistem de procurar emprego por não poder arcar com as passagens. O aumento das tarifas só irá piorar esse quadro. Já são 37 milhões de brasileiros excluídos do transporte público, fazendo seus deslocamentos a pé ou vivem na rua por não poder retornar a seus lares.
Como romper com isso? Defendemos a Tarifa Zero, com o sistema completamente custeado pelo poder público (evitando um sistema que precisa funcionar na lucratividade das empresas) e voltado para as necessidades de mobilidade da população. O povo é que deve mandar no transporte! Até lá, seguiremos lutando pelo fim da exclusão de milhões de pessoas do transporte público! Por esses motivos, o MPL-Rio e MPL-Niterói convocam mais um ato! Não vamos aceitar! Na luta contra todos os aumentos até que a tarifa baixe à zero!
Não é preciso dizer que a polícia militar do Rio de Janeiro foi extremamente truculenta, atacando os manifestantes com balas de borracha e bombas cada vez mais fortes de gás lacrimogêneo. 19 manifestantes foram presos, não sei em que foram enquadrados mas normalmente as acusações do estado variam entre formação de quadrilha, incendiário, corrupção de melhores, destruição da propriedade pública e até Lei de Segurança Nacional. Durante a Lei Geral da Copa, alguns trajetos da Cidade estarão em regime especial entre 22 de maio a 19 de junho e durante esse período manifestantes poderão ser enquadrados também como terroristas.
DE REPENTE UMA VENDA CAI DOS SEUS OLHOS e você vê: A Matrix. E você a vê em todo lugar: em casa, na escola, na igreja, na empresa, no comércio, em uma partida de futebol, no trânsito, nos locais de atendimento público, nas mídias sociais…
Para ver a Matrix basta parar um instante e observar o comportamento das pessoas privadas. Quer um exemplo? Observe as filas dos bancos. Quando aquele paciente correntista chega à boca do caixa, depois de esperar uma eternidade, ele vai demorar tanto ou mais do que os que estavam à sua frente. É como se dissesse: “– Agora chegou a minha vez de fazer o que eu quiser, então vou conversar bastante com o funcionário, vou me informar sobre tudo, bater aquele papo, aproveitar para realizar várias operações… Os outros que esperem (como eu esperei). Porque agora chegou a minha vez”. Esse é um comportamento típico da pessoa privada (não-comum). Mas é incrível como as pessoas que reproduzem tal comportamento não se dão conta.
Quer outro exemplo? Observe com atenção o seu mural no Facebook ou a sua timeline no Twitter. Você verá multidões de amigos ou seguidores falando só do bem, do belo, do verdadeiro. Você verá pessoas escrevendo sobre ética, valores, consciência, transformação da sociedade… Verá pessoas postando fotos de gatinhos meigos, cachorros com lacinhos, crianças fofinhas com aqueles sorrisos lindos, paisagens fantásticas… Essas pessoas acham (ou, às vezes, nem acham porque estão agindo inconscientemente) que, assim, estariam se redimindo de algum pecado (e se livrando da culpa por não ser boas o bastante). Imaginam (ou até não imaginam, mas agem como se imaginassem) que construindo uma persona (pública) identificada com o bem, o belo e o verdadeiro, estariam se aperfeiçoando (já que avaliam que não são boas o bastante), consertando algum defeito que supostamente teriam trazido: de onde? Ora, elas não sabem e o fato de não-saberem, mas atuarem (num sentido psicanalítico do termo) desse modo, explica tudo (conquanto, para elas mesmas, não explique nada de vez que essas pessoas não estão buscando explicações para o que é como deveria ser).
O mais interessante que você verá nas mídias sociais são as multidões de pessoas comemorando as sextas-feiras! E outras multidões curtindo e retuitando essas manifestações de escravos. Automaticamente. Mas do quê mesmo elas querem escapar nos finais de semana? Se você quiser saber, entre em uma organização hierárquica. Qualquer uma. E observe como as pessoas se relacionam nesses ambientes estranhos, como se não fossem elas mesmas… Sim, são autômatos.
Durante várias décadas fiquei observando esse comportamento de rebanho. Imaginando, sem saber explicar direito, que a hierarquia introduz deformações no campo social capazes de induzir as pessoas a replicar certos comportamentos.
Comecei então a fazer explorações no espaço-tempo dos fluxos, para tentar captar a estrutura e a dinâmica que estariam por trás dessa matriz que produz replicantes.
Até que, de repente, vi uma coisa espantosa. E o que vi foi um ser não-humano – um monstro – representado na figura abaixo:
Foi assim então que eu vi a Matrix. E quando a vi me apavorei. A imagem é aterrorizante. Lembra aquelas naves de alienígenas predadores do filme de Roland Emmerich (1996) Independence Day.
Não por acaso. Organizações hierárquicas de seres humanos geram seres não-humanos. Mas alguma coisa impede que as pessoas vejam isso. Eis a razão pela qual resolvi escrever este livrinho.
Os segredos da magia são universais e possuem uma natureza física, de tal modo prática que desafia a simples explicação. Aqueles que percebem e praticam tais segredos são considerados como tendo alcançado a condição de mestres. Mestres irão, em diversos momentos da história, inspirar adeptos a criarem ordens mágicas, místicas, religiosas ou mesmo seculares, com o objetivo de conduzir outras pessoas a condição de mestre. Em algumas épocas, tais ordens tem abertamente se auto denominado Illuminati, em outras épocas, a clandestinidade tem sido mais prudente. Os mistérios podem ser preservados unicamente pela revelação constante. Neste sentido, os Iluminados de Thanateros continuam uma tradição de, talvez, sete mil anos atrás, embora a ordem, em seu aspecto externo, não possua história, sendo ela constituída como uma determinação dos Illuminati.
Numa ordem que não tem passado, não há motivo para camuflar o futuro, a partir do presente. Ela toma o seu nome dos deuses do sexo (Eros), e da morte (Thanatos). Além de serem as maiores forças motrizes das obsessões humanas, o sexo e a morte representam os métodos positivo e negativo de alcançar a consciência mágica. A iluminação e a libertação resultam do sucesso na aplicação destes métodos.
O propósito específico de qualquer ordem dos Iluminados de Thanateros é o de ajudar a determinar sob qual forma haverá de se manifestar o quinto AEON, ainda embrionário. Sua tarefa, embora histórica, consiste em disseminar o conhecimento mágico para os indivíduos. Pois nunca houve uma época desde o primeiro AEON, na qual a humanidade esteve tão carente de tais habilidades para ver o caminho adiante.
Não há hierarquia formal nos Iluminados de Thanateros. Existe uma divisão de actividades dependendo das habilidades, na medida em que elas se desenvolvem.
A maioria das tradições ocultas possuem uma complexa e alta organização da cosmologia de outros mundos e teorias metafísicas.
Até então, eles acompanham teorias mágicas frequentemente confusas.
Em contradição com tudo isso, um insight fundamental da CHAOS MAGIC é que a técnica mágica é aguçada, delimitá-la funciona porque o próprio universo é mais confuso do que parece.
Ou talvez, devesse mais respeitosamente dizer que o universo tem a propriedade mágica de configurar a maioria das interpretações ligadas a ele. Ainda que reciprocamente exclusivas, uma ampla variação de paradigmas metafísicos podem ser feitos para atacá-lo.
Os homens do mundo estão acabando. O excesso de estrogênio em substâncias criadas pelo homem como agrotóxicos, plásticos, latas de comida e outros, estão contaminando toda a cadeia alimentar que multiplica a concentração ao longo do processo, chegando ao seu máximo no topo da cadeia alimentar: o homem.
A fertilidade masculina está em xeque, a contagem de espermatozoides é maior em homens de 40 anos do que de 20. Nascem muito mais mulheres do que homens porque o estrogênio entra na placenta na formação do feto através de outras proteínas que não são barradas como acontece com o estrogênio puro.
Além disso, os homens estão cada vez mais femininos, bebês muito expostos desenvolvem gostos semelhantes com das meninas, não jogam tanto futebol, tem mais amigas mulheres e talvez isso explique o crescimento exponencial de homens homossexuais.
Por um lado é muito triste que a fertilidade humana possa vir a acabar e a nossa raça seja destruída para que algumas pessoas possam ter mansões de 50 quartos e tomar Veuve Clicot no café da manha. Por outro, pode ser positivo porque se continuarmos crescendo e consumindo dessa maneira precisaremos de 4 planetas em 2050. A humanidade tem que parar de crescer ou mudar de mentalidade. Me assusta o futuro que vem pela frente.
Vai ser tipo filme!
E não tem jeito, as ciumentas vão sofrer muito ainda. Pela sobrevivência da espécie, os homens férteis terão que ser divididos e as previsões muçulmanas de haréns pós-morte serão realizadas no lado de cá. Bando de kamikaze otário.
Mais informações nesse documentário da BBC lançado há 11 anos atrás. Na época a circulação do filme foi proibida pelas grande empresas químicas, hoje está no Youtube.
Não tem jeito, hoje aprender a programar é muito mais que uma curiosidade dos nerds. Programação será essencial para compreender o mundo no futuro, dominado pelas máquinas. O homem precisará entender como elas pensam e se comunicam para não ser dominado. A alienação em relação à tecnologia já é gritante, são poucas pessoas que sabem o nível extremamente perigoso das pesquisas em algumas universidades ao redor do mundo. Alguns homens já estão brincando de Deus, sem que a humanidade saiba.
Precisamos começar a pensar seriamente nos efeitos da tecnologia sobre a humanidade. Na dependência humana da tecnologia avançada, de toda a energia que doamos às máquinas diariamente sem perceber. Mas pra isso é preciso antes perder o medo delas, entender como funcionam minimamente e empoderar-nos da ESCOLHA de tê-las em nossas vidas.
Recomendo começar leve. Apenas assistindo alguns cursos online, sem muita pressão para tornar-se hacker, programador ou mestre das máquinas. Apenas aprender sua linguagem já vai abrir algumas portas para o melhor entendimento do futuro não muito distante.
Facebook, Google, Microsoft e Twitter se uniram para ensinar crianças a programar, também lançaram uma campanha para que programação seja matéria obrigatória em escolas nos Estados Unidos. A necessidade de programadores é maior que a oferta. A internet tem pressa.
Outra opção de aprendizado online é o curso CS50 de Harvard. Básico de programação através de uma metodologia de incentivo intensa muito bem adaptada aos jovens de hoje – hacklabs, festas de programação, colaboração ao invés de competição, professor hiperativo e alucinado…
Entrevista de Lester Brown para a Folha de São Paulo – 02/07/2007
A catástrofe é inevitável
Pioneiro no movimento ambientalista prevê “disputa épica” entre os 800 milhões de donos de carros e os 2 bilhões mais pobres do planeta com a produção de álcool a partir de grãos
A AMBIÇÃO BRASILEIRA de criar um mercado mundial para o álcool em parceria com os EUA encontrou um opositor de peso em um dos pioneiros do movimento ambientalista: o americano Lester Brown, 72, com influência suficiente para ser ouvido no Congresso dos EUA, no Fórum Econômico Mundial ou na Academia de Ciências da China. Ele diz que o uso do milho por usinas de álcool desencadeou uma disputa de proporções épicas entre os 800 milhões de donos de carros e os 2 bilhões de pessoas mais pobres do planeta.
O aumento da demanda por milho para fabricação de álcool tem levado à inflação de alimentos em todo o mundo, diz Brown, com efeitos perversos para a população mais pobre.
A posição é semelhante à do ditador cubano Fidel Castro e do presidente venezuelano, Hugo Chávez, que vêem nos biocombustíveis uma ameaça à oferta de alimentos no mundo.
A tecnologia brasileira de fabricação de álcool a partir da cana-de-açúcar não escapa das críticas do ambientalista. “Se eu tivesse que identificar a mais importante ameaça à diversidade biológica da Terra, ela seria a demanda crescente por biocombustíveis”, disse Brown em entrevista por telefone.
O ambientalista afirma que a Terra não terá como acomodar milhões de chineses com o mesmo padrão de consumo dos norte- americanos. Se crescer a 8% ao ano, afirma, a China terá em 2031 renda per capita igual à dos Estados Unidos hoje.
Caso os chineses do futuro consumam como os americanos de hoje, o país asiático terá 1,1 bilhão de carros em 2031, mais que os 800 milhões existentes hoje no mundo. Para alimentar sua frota e seu crescimento, precisará de 99 milhões de barris de petróleo/dia, mais que a produção mundial atual, de 85 milhões de barris/dia.
FOLHA – O sr. tem uma posição distinta da maioria dos ambientalistas em relação ao uso do álcool como combustível. Por quê?
LESTER BROWN – Muitos ambientalistas estão mudando de posição em relação a essa questão. O cenário de um ano atrás não é mais o mesmo hoje, pelo menos não nos Estados Unidos. Se utilizarmos quantidades crescentes de grãos para dar combustível aos carros, isso levará à alta no preço de alimentos e será uma ameaça à população mais pobre do planeta.
Os ambientalistas estão retirando apoio ao álcool e falando em carros híbridos [movidos a gasolina e eletricidade] que podem ser recarregados em uma tomada, vistos cada vez mais como a solução para os Estados Unidos. O Toyota Prius é o carro híbrido mais popular nos Estados Unidos.
Se for agregada a ele uma segunda bateria com tomada, será possível recarregá-la à noite em casa. Com isso, os percursos de curta distância seriam realizados totalmente com eletricidade. Se fizermos isso nos Estados Unidos, poderemos reduzir nosso consumo de petróleo em cerca de 80%.
Se, ao mesmo tempo, investirmos em centenas de usinas eólicas [movidas a vento], agregaríamos energia barata à nossa rede de transmissão, o que nos permitiria ter energia equivalente a um galão de gasolina por US$ 1. Está surgindo uma grande coalização entre companhias de eletricidade, corporações, ambientalistas e governos municipais e estaduais para encorajar a adoção desse caminho.
FOLHA – O sr. fala em um “confronto épico” entre os 800 milhões que têm carros e as 2 bilhões de pessoas mais pobres do mundo, que vêem os preços dos alimentos subirem. Os vencedores desse confronto, pelo menos até agora, parecem ser os 800 milhões de motorizados, considerando os pesados investimentos na produção de álcool.
BROWN – Por enquanto, os 800 milhões têm sido vitoriosos, porque houve enormes investimentos em usinas de álcool nos Estados Unidos. A capacidade de produção em construção é maior que a capacidade de todas as usinas criadas desde o início do programa [de fabricação de álcool], em 1978.
Até o fim do próximo ano, quase 30% da colheita de grãos irá para usinas de álcool, reduzindo a quantidade disponível para exportações. Como o mundo depende fortemente dos Estados Unidos, que é um dos maiores exportadores de milho e de trigo, isso vai criar problemas graves aos importadores de grãos, como Japão, Índia, Egito, Nigéria, México.
FOLHA – A recente inflação nos preços de alimentos no mundo pode ser atribuída ao álcool?
BROWN – Há outros fatores, como falta de água, mas a causa principal da inflação nos últimos seis meses tem sido o aumento no preço de grãos. Isso ocorre em todos os lugares do mundo: no preço do porco na China, da tortilha no México, da cerveja na Alemanha.
FOLHA – Com tantos investimentos no setor, é possível uma reversão no uso de álcool nos Estados Unidos?
BROWN – Ninguém sabe. O que começamos a ver é uma reação dos consumidores. Estamos em uma situação inusual, na qual subsidiamos a alta do preço de alimentos. Como contribuintes, estamos dando os subsídios que vão para a produção do álcool. Perdemos nas duas pontas, como contribuintes e como consumidores.
FOLHA – Além disso, a produção de álcool com milho é pouco eficiente.
BROWN – Sim, especialmente se comparado ao álcool produzido por cana-de-açúcar. Para cada 1 unidade de energia usada na produção de álcool a partir do milho, é obtida 1,3 unidade de energia, o que dá um ganho de 30%. No caso da cana-de-açúcar, para cada 1 unidade de energia utilizada, são obtidas 8 unidades de energia.
FOLHA – O álcool produzido a partir da cana-de-açúcar é uma opção viável aos combustíveis fósseis?
BROWN – Poderia ser nos países que podem plantar cana-de-açúcar. Nós não podemos plantar muito, porque estamos no hemisfério Norte. Mas, se países que já são grandes produtores, como o Brasil, tentarem satisfazer não apenas seu mercado interno mas também exportar, haverá desmatamento, pela expansão da produção de cana-de-açúcar ou porque a expansão da cana toma espaço de outras culturas, como soja [que ocupariam outras áreas].
A preocupação que está emergindo na comunidade internacional de ambientalistas em relação aos biocombustíveis é o efeito que eles estão tendo no desmatamento na Amazônia brasileira e no sudeste asiático, onde Malásia e Indonésia são os principais produtores de óleo de palmeira, que é usado como biodiesel.
Se eu tivesse que identificar a mais importante ameaça à diversidade biológica da Terra, ela seria a demanda crescente por biocombustíveis -álcool no caso do Brasil ou biodiesel no caso do sudeste asiático.
Eu não diria que o Brasil deve interromper sua produção de álcool. A minha sugestão é que o Brasil comece a desenvolver outras fontes de energia, incluindo a solar e a eólica, em que tem grande potencial.
FOLHA – A China acaba de superar os Estados Unidos como o maior emissor de gases de efeito estufa. A Terra é grande o bastante para acomodar os milhões de emergentes consumidores chineses?
BROWN – Eu sempre escutei que os Estados Unidos, apesar de terem apenas 5% da população mundial, consumiam quase 40% dos recursos da Terra. Isso não é mais verdadeiro.
A China hoje consome mais da maioria dos recursos básicos do que os Estados Unidos, com exceção de petróleo. O consumo de carne da China hoje é o dobro do registrado nos Estados Unidos. O de aço é o triplo.
O que acontecerá se a China alcançar os Estados Unidos em consumo per capita? Se o crescimento chinês se reduzir para 8% ao ano, em 2031 a renda per capita da China será a mesma da dos Estados Unidos hoje [com valores ajustados pela Paridade do Poder de Compra].
Se os chineses tivessem o mesmo padrão de consumo dos americanos, em 2031 a população de 1,4 bilhão ou 1,5 bilhão da China consumiria o dobro da atual produção de papel de todo o mundo. Se houver três carros para cada grupo de quatro pessoas, como nos Estados Unidos hoje, a China teria 1,1 bilhão de carros. Em todo o mundo hoje há 800 milhões. O consumo de petróleo seria de 99 milhões de barris ao dia. A produção atual de petróleo é de 85 milhões de barris por dia.
O que a China está nos ensinando é que o modelo econômico ocidental, centrado em combustíveis fósseis, no uso de carros e no desperdício, não vai funcionar para o país. Se não funcionar para a China, não vai funcionar para a Índia, que em 2031 deverá ter uma população maior que a da China. Há 3 bilhões de pessoas nos países em desenvolvimento sonhando o sonho americano.
FOLHA – A questão é essa: todos sonham o sonho americano.
BROWN – Sim, e em uma economia cada vez mais integrada, na qual todos nós dependemos dos mesmos grãos, petróleo e aço, esse modelo também não vai funcionar para os países industrializados. O que temos que fazer é pensar em uma nova economia, com fontes renováveis de energia, que tenha um sistema de transporte diversificado e que reúse e recicle tudo.
FOLHA – Há disposição entre os líderes chineses para mudar o padrão de desenvolvimento do país?
BROWN – Eles publicam quase tudo o que eu escrevo. O primeiro-ministro Wen Jiabao começou a me citar em alguns de seus discursos. As coisas mais estimulantes que aconteceram em energia renovável nos últimos anos aconteceram na China. Até o fim deste ano, 40 milhões de casas terão água aquecida por energia solar, captada por painéis colocados nos telhados das casas, e o número deve quadruplicar até 2020.
FOLHA – É possível para a China mudar o padrão de desenvolvimento e caminhar na direção de fontes renováveis de energia sem sacrificar o crescimento econômico?
BROWN – Se não reestruturarmos a economia mundial, o crescimento econômico será insustentável. Precisamos reestruturar a economia muito mais rapidamente do que a maioria das pessoas imagina.
Os números que mencionei sobre a China como nação consumidora se referem a 2031, quando eles estariam consumindo mais recursos do que o mundo possui.
Se não reestruturarmos a economia no mundo, o progresso econômico provavelmente não se sustentará.
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Para mais informações sobre a catástrofe inevitável, recomendo a leitura: