O usuário do sistema de transporte conhece no seu dia-a-dia somente uma única tarifa, aquela que ele paga ao entrar nos ônibus (metrôs, barcas, teleféricos, etc.), ou quando recarrega seu cartão rio card (que por sinal deveria se chamar de Sistema de Concessão de Crédito por parte dos usuários para as empresas, já que você ao encher o seu cartão adianta o pagamento de um serviço que só usará no futuro, mas cujo dinheiro as empresas podem investir onde quiserem e ganharem ainda com a especulação financeira. Mas isto é uma outra história…).
Voltando ao que nos interessa agora, a questão que irá chocar a todos é: não existe uma só tarifa, mas existem DUAS tarifas. A primeira que abordaremos é a chamada Tarifa Real (TR), que seria basicamente a soma dos custos do funcionamento do sistema (manutenção, combustível, salários dos funcionários das empresas, lucro dos empresários, etc) dividido pelo número médio de usuários pagantes. Normalmente o valor da TR é muito grande, e como já falamos em outra ocasião (https://www.facebook.com/
Ocorre que mesmo assim todos ainda saem insatisfeitos. Os empresários reclamam que não têm os lucros que gostariam de ter (o que chamam pelo nome de desequilíbrio financeiro) e os passageiros reclamam que a tarifa é alta demais e que não podem continuar a pagar por ela. Seguindo por esta forma de funcionamento, debater com os empresários é como lavar o focinho de um porco: gasta-se o sabão e chateia-se o porco. Ou seja, dentro desta lógica o problema é não se resolve e os usuários e moradores das cidades permanecem prejudicados.
Aqui se inaugura uma luta, que opõe duas propostas.
Uma é a dos empresários, que passam a atacar as gratuidades (passe livre para estudantes, idosos e deficientes) e também solicitam um montante cada vez maior de subsídios (principalmente através da isenção de impostos para as empresas do setor de transportes).
A outra é a Tarifa Zero. A Tarifa Zero é a simples constatação de que o sistema de transportes coletivos é importante demais para as cidades e que o seu custo é alto demais para que os usuários continuem a financiar a maior parte de seu funcionamento. Por isso os usuários organizados e em luta solicitam uma política de subsídio radical, total e irrestrito por parte do poder público para o funcionamento do sistema de transporte. Dentro desta lógica não há espaço para o lucro privado das empresas privadas, já que aqui é a lógica do bom funcionamento do sistema que deve prevalecer.
Ocorre que isso inaugura uma grande luta: de um lado os empresários das empresas que exploram o sistema de transporte coletivo (e o tornam uma mercadoria, um “business”) e as montadoras de automóveis que querem continuar a vender carros e motos (que poluem, abarrotam e tornam nosso trânsito cada dia mais violento), ambos reivindicando subsídios em busca do aumento de sua lucratividade. De outro, os usuários do sistema que veem no subsídio radical a garantia do seu direito de ir e vir, do seu acesso à saúde, educação, justiça, lazer, enfim, o direito ao acesso à cidade.
Agora pense. Neste quadro existe mesmo alguma possibilidade de tarifa justa? É mesmo viável que os subsídios concedidos pelo governo continuem a servir como fonte de lucro para empresários? Será que é possível negociar nosso direito de ir e vir?
Ocorre que em alguns momentos a prefeitura não está mais interessada em arcar com estes lucros e quer passar parte dos custos aos usuários do transporte. Ocorre que além de tudo isso, a cada novo aumento menos pessoas usam o sistema e isso inicia novamente o “ciclo vicioso das tarifas”. Por todos estes motivos que faremos um ato dia 20/12 para dizer um basta aos aumentos da passagem dos transportes coletivos e apontando a Tarifa Zero como uma solução sobre este impasse.
Então amigo, fica o convite, mas agora é com você.
Nenhum centavo a mais!
A passagem não vai aumentar nunca mais, agora é Tarifa Zero!!!
Fonte: Movimento Passe Livre RJ
Leave a Reply