Na formatura de Harvard em 2008, JK Rowling fala sobre coisas que somente o fracasso pode ensinar, pequenas coisas como apreciar o que se é todo dia e deixar de sonhar grande e longe. O fracasso também é um incentivo na direção de seguir o seu verdadeiro destino, já que não se tem mais nada a perder e a única coisa que temos somos nós mesmos. Somente após um grande fracasso vencido é que podemos ter a certeza de que somos verdadeiramente fortes.
Depois ela fala sobre imaginação no sentido humanitário. Conta da época em que trabalhou na Anistia Internacional e entrava em contato com pessoas que arriscavam suas vidas para contar o que se passava em regimes totalitários, recebia relatos de torturas e assassinatos de homens que lutavam pela liberdade. Foi aí que pode conhecer o pior e o melhor da humanidade.
E aí fala um pouco do que eu gostaria de conseguir transmitir pra tantos dos meus amigos bem-sucedidos-zona-sul-ipanema-leblon-playboy-naotonemai, é sobre a questão da empatia com os que sofrem. Esse enorme afastamento que existe entre os que tem tudo e os que tem nada gera uma absoluta falta de empatia entre ambos, o pobre é visto como ameaça e bandido e o rico como corrupto e maligno. Mas eu acho pior vindo do lado dos ricos (os que tem condições financeiras de escolher os rumos de suas vidas), essa constante busca da identificação somente com os poderosos, que esses arrogantes que nasceram de barriga cheia insistem em buscar ao invés de usar de todo seu conhecimento e toda a riqueza (que receberam simplesmente por nascer) para buscar uma identificação com os sem-poder, me constrange em mesas de bar.
E sabe o que é pior? É que já desisti de falar. Simplesmente não gasto mais energia conversando com os bem sucedidos, vencedores do sistema. Eles não querem saber, se incomodam quando fala-se mal do capitalismo, da situação precária nas favelas e dos políticos corruptos. Meio ambiente e fim do mundo? Já vi amiga minha se levantar da mesa pra não ouvir. Se incomodam porque não são bons nesse assunto e, por isso, tem medo. Sentem-se culpados por ignorarem as minorias e compensam sendo demasiadamente preocupados com animais e crianças. Acreditam que mimar criaturas indefesas compensa as 8 horas diárias incentivando a indústria de petróleo mexicana a privatizar suas reservas estatais.
Me envergonho do ser humano que pensa em si mesmo antes de todos, que se acha especial porque nasceu rico, que desdenha do pobre enquanto toma champanhe em Paris e que acha que manifestação é vandalismo (“Eu acho que eles podiam ter propostas mais concretas”).
Desprezíveis são aqueles que só servem pra ser amigos de festa.
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