Eu acredito que essa é uma resposta bastante subjetiva hoje em dia visto que este é um conceito em intensa expansão no mundo e que diversas culturas abordam a prática xamânica de formas completamente diferente.
O xamanismo é a espiritualidade ancestral e primordial da humanidade. Considerado como “a primeira das religiões”. Os povos considerados primitivos sempre cultivaram uma conexão reverente com os espíritos da natureza. O xamanismo considera que todas as coisas (animadas e inanimadas) são vivas e participam de uma sagrada teia de interdependência entre si. É uma afirmação comum no xamanismo a frase “todos somos um” pois afirma-se que todos somos parte integrante e importante desse todo onde cada um tem igual importância perante o Grande Espírito, o Grande Mistério, Gaia, a Grande Mãe. Esses são os nomes da força divina maior que outros chamam de Deus.
No xamanismo estamos sempre em celebração e reverência dos processos da vida no planeta Terra. Somos guiados pelos ciclos naturais do dia, da lua, das marés, da fertilidade e das estações. Recebemos mensagens dos quatro elementos (fogo, vento, água e terra) e abrimos campos de cura com a ancoragem das quatro direções (norte, sul, leste e oeste). Recebemos força e instrução de animais e guias espirituais. Incorporamos as características dos animais, das terras onde vivemos e passamos, das sementes que plantamos, dos seres com quem trocamos. Somos afetados profundamente pelo meio ambiente onde vivemos. Caminhamos mais perto da natureza selvagem que existe dentro de nós mesmos. Não perdemos a conexão com o animal que biologicamente jamais deixamos de ser.
Agradecemos sempre pela oportunidade sagrada que é estar vivo no planeta Terra pois somos conscientes de todos os milagres que tiveram que acontecer para que chegássemos até aqui. Honramos todos os ancestrais que vieram antes e suas batalhas de sobrevivência que possibilitaram a nossa presença tão breve na Terra que é uma escola sagrada de maestria de amor – a frequência criadora de tudo. Nessa escola da vida, somos constantemente convidados a tornarmos ainda mais humildes perante esse Grande Mistério. Somos instigados a fazer as perguntas mais profundas sobre a vida e sobre quem somos realmente nessa dinâmica terráquea, espacial e planetária tão abstrata. Caminhamos a trilha menos trilhada e abrimos caminho em meio a matas densas para que outros possam caminhar com mais leveza depois de nós.
Sentimo-nos constantemente conectados com uma complexidade invisível muito rica. Um verdadeiro Google de informação etérea de tudo aquilo que já foi experimentado e descoberto aqui na Terra que podemos acessar através de uma canal de consciência mais aberto. Desenvolvemos nossa intuição e nossos clarisentidos que possibilitam essa maior conexão dimensional com mundos outros. Ouvimos. Com muito mais do que nossos ouvidos. Sentimos com muito mais que nossa pele. Vemos com muito mais que nossos olhos. Simplesmente sabemos o que precisamos saber.
Nossos professores são muitos. Na Terra tudo ensina pra quem se abre pra aprender. Eu aprendo com as árvores, com as ervas, com as pedras, com os rios, com o mar, com a lua, com a alma que me habita, com as pessoas que chegam pra me refletir, com as mensagens sussurradas em meus ouvidos, com aqueles que já trilharam o caminho vermelho antes de mim. Sou iniciada por tudo aquilo que me machucou, que me roubou, que me abusou, me abandonou, me invadiu, me desrespeitou. Sou constantemente colocada à prova e a lição mal aprendida será inevitavelmente repetida. Tudo é um teste do meu preparo para avançar de fase nesse Jogo Sagrado da Vida. Nasci livre e onde estou hoje dentro e fora é sempre uma escolha minha em algum nível.
Sentamos em cerimônia com a comunidade com quem compartilhamos com respeito pelas diferenças. Sabemos que a diversidade é lei da vida e por isso está tão presente em todo reino natural e animal. Honramos as diversas experiências humanas como perfeitas pro aprendizado necessário de cada alma nessa teia interdependente que se harmoniza e se equilibra dentro da diversidade da vida. Celebramos juntos os ritos de passagem na jornada do herói de cada ser e marcamos o inconsciente animal e espiritual com nossos rituais que auxiliam na realização da missão sagrada que cada um de nós vem realizar aqui na Terra. E na compreensão de quem somos à níveis mais profundos. Certamente, não estamos aqui à passeio.
Discernimos o que é real do que é ilusório à partir da observação das dinâmicas originais do planeta: as que ocorrem na natureza. No instinto dos animais e nas dinâmicas coletivas nas florestas encontramos as respostas a todas às perguntas via reflexo. Podemos perceber que a vida orgânica está sempre respondendo às nossas questões silenciosas quando afiamos nosso canal receptivo e nosso olhar atento ao simbólico.
As práticas de cura são tão variadas quanto a complexidade que sentimos dentro de nós e observamos ao nosso redor. Nas muitas vertentes do xamanismo ao redor do mundo, são também utilizadas as mais distintas ferramentas para se atingir o conhecido estado de transe que possibilita que o xamã caminhe no entre mundo e de lá volte com tesouros necessários para sua comunidade e aqueles que foi chamado para curar. Utilizam-se tambores, ritos ao redor do fogo sagrado, protocolos de comunicação com entidades e espíritos ajudantes, jornadas xamânicas meditativas, práticas de respiração, processos de privação (de comida, de luz, de sono), exercícios físicos, silêncio interior, consumo de plantas de poder, dança, canto, arte, canalização, visão espiritual, etc. entre tantos métodos de acesso ao astral. No astral encontra-se a nossa programação – assim como um software é programado na linguagem das máquinas (html, c++, java), nós somos programados na linguagem metafórica do inconsciente (da alma). O xamã é o programador, o hacker, que acessa esse código armazenado no astral e busca solucionar os possíveis glitches que estão gerando a desarmonia. No xamanismo, doença é sempre sinônimo de desequilíbrio.
O xamanismo passou milhares de anos sendo transmitido de forma oral de pai pra filho dentre povos considerados “primitivos” e comunidades bastante ocultas. Muitos já foram mortos e presos por possuir e transmitir esse conhecimento. Se essa prática hoje se espalha por um mundo doente que precisa da cura que o xamanismo proporciona é pelo esforço individual daqueles poucos que passaram séculos protegendo e transmitindo esse conhecimento. É uma prática muito sagrada que merece um enorme respeito e um cuidado meticuloso ao ser ensinada. Aqui honro a todos esses guardiões que possibilitaram que hoje o mundo viva uma expansão sem igual dessa espiritualidade que nos recorda quem somos à nível original, visceral, animal e terráqueo. Ele nos reconecta com a Terra, a natureza e seu espírito misterioso e sagrado. Quando nos reconectamos com a natureza, nos reconectamos com nós mesmos pois nunca deixamos de ser parte dela. Apenas esquecemos.
O xamanismo é a pílula vermelha que nos reconecta com a teia orgânica da vida e nos tira da matriz artificial da Matrix de ilusões do ego que nossa civilização decadente instala em nossas programações internas. Ele nos recorda de onde viemos pois é só desse lugar que poderemos saber para onde vamos.
A bibliografia sobre o assunto é ampla e abundante para quem deseja aprofundar. Esse é um conhecimento bastante complexo e variado, existem diversas linhagens de crenças e práticas muito diferentes e todas igualmente válidas e dignas de respeito e celebração. Nesse breve texto ofereço apenas uma pincelada breve do básico filosófico para sustentar teoricamente o DAY SPA Xamânico que embora se aprofunde em algumas ferramentas de cura e nos valores dessa prática milenar, será através da leveza que acessaremos o profundo nessa experiência.
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