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Fonte: we.riseup.net

Cálculo da tarifa: a questão da tarifa justa.

O usuário do sistema de transporte conhece no seu dia-a-dia somente uma única tarifa, aquela que ele paga ao entrar nos ônibus (metrôs, barcas, teleféricos, etc.), ou quando recarrega seu cartão rio card (que por sinal deveria se chamar de Sistema de Concessão de Crédito por parte dos usuários para as empresas, já que você ao encher o seu cartão adianta o pagamento de um serviço que só usará no futuro, mas cujo dinheiro as empresas podem investir onde quiserem e ganharem ainda com a especulação financeira. Mas isto é uma outra história…).

Captura de Tela 2014-02-07 às 12.52.35

Voltando ao que nos interessa agora, a questão que irá chocar a todos é: não existe uma só tarifa, mas existem DUAS tarifas. A primeira que abordaremos é a chamada Tarifa Real (TR), que seria basicamente a soma dos custos do funcionamento do sistema (manutenção, combustível, salários dos funcionários das empresas, lucro dos empresários, etc) dividido pelo número médio de usuários pagantes. Normalmente o valor da TR é muito grande, e como já falamos em outra ocasião (https://www.facebook.com/photo.php?fbid=186754708194880&set=a.133536566850028.1073741826.126339927569692&type=1&relevant_count=1), os custos para manutenção do sistema são muito elevados e exigem uma concentração de capital muito grande para um funcionamento lucrativo. Ocorre que se fosse cobrado de cada passageiro o valor exato da TR, o preço seria tão elevado que absolutamente ninguém iria querer usar o sistema de transporte e passaria a usar meios próprios para se locomover. Ou seja, isso significaria a falência do sistema de transporte coletivo. Tentando sanar este problema é que surge a Tarifa Social (TS). Como valor da TR seria elevado demais, o poder público propõe outro valor mais baixo, que julga ser possível para as pessoas pagarem e simplesmente paga a diferença, subsidiando o preço final da tarifa (isso mesmo que você entendeu, o governo paga a diferença entre o que o usuário paga ao entrar no ônibus, a TS, e aquela que os empresários das empresas recebem para manterem seus lucros, a TR).

Ocorre que mesmo assim todos ainda saem insatisfeitos. Os empresários reclamam que não têm os lucros que gostariam de ter (o que chamam pelo nome de desequilíbrio financeiro) e os passageiros reclamam que a tarifa é alta demais e que não podem continuar a pagar por ela. Seguindo por esta forma de funcionamento, debater com os empresários é como lavar o focinho de um porco: gasta-se o sabão e chateia-se o porco. Ou seja, dentro desta lógica o problema é não se resolve e os usuários e moradores das cidades permanecem prejudicados.

Aqui se inaugura uma luta, que opõe duas propostas.

Uma é a dos empresários, que passam a atacar as gratuidades (passe livre para estudantes, idosos e deficientes) e também solicitam um montante cada vez maior de subsídios (principalmente através da isenção de impostos para as empresas do setor de transportes).

A outra é a Tarifa Zero. A Tarifa Zero é a simples constatação de que o sistema de transportes coletivos é importante demais para as cidades e que o seu custo é alto demais para que os usuários continuem a financiar a maior parte de seu funcionamento. Por isso os usuários organizados e em luta solicitam uma política de subsídio radical, total e irrestrito por parte do poder público para o funcionamento do sistema de transporte. Dentro desta lógica não há espaço para o lucro privado das empresas privadas, já que aqui é a lógica do bom funcionamento do sistema que deve prevalecer.

Ocorre que isso inaugura uma grande luta: de um lado os empresários das empresas que exploram o sistema de transporte coletivo (e o tornam uma mercadoria, um “business”) e as montadoras de automóveis que querem continuar a vender carros e motos (que poluem, abarrotam e tornam nosso trânsito cada dia mais violento), ambos reivindicando subsídios em busca do aumento de sua lucratividade. De outro, os usuários do sistema que veem no subsídio radical a garantia do seu direito de ir e vir, do seu acesso à saúde, educação, justiça, lazer, enfim, o direito ao acesso à cidade.

Agora pense. Neste quadro existe mesmo alguma possibilidade de tarifa justa? É mesmo viável que os subsídios concedidos pelo governo continuem a servir como fonte de lucro para empresários? Será que é possível negociar nosso direito de ir e vir?

Ocorre que em alguns momentos a prefeitura não está mais interessada em arcar com estes lucros e quer passar parte dos custos aos usuários do transporte. Ocorre que além de tudo isso, a cada novo aumento menos pessoas usam o sistema e isso inicia novamente o “ciclo vicioso das tarifas”. Por todos estes motivos que faremos um ato dia 20/12 para dizer um basta aos aumentos da passagem dos transportes coletivos e apontando a Tarifa Zero como uma solução sobre este impasse.
Então amigo, fica o convite, mas agora é com você.

#CONTRAoAUMENTO

Nenhum centavo a mais!

A passagem não vai aumentar nunca mais, agora é Tarifa Zero!!!

Fonte: Movimento Passe Livre RJ

#ContraoAumento

Ontem aconteceu na Central do Brasil no Rio de Janeiro mais um catracasso. O catracasso consiste em uma tomada de poder pelo povo que, unido, vive por alguns momentos o sonho de um transporte público gratuito (e de qualidade – essa parte inexistente). A massa toma conta das catracas que separam o trabalhador do seu veículo e permite que todas as pessoas pulem o obstáculo financeiro.

https://www.youtube.com/watch?v=rPBdRrjhYqs

Os manifestantes saíram da Candelária em marcha e canto pacífico em direção à central. Grupos partidários, anarquistas, independentes, midia ativistas, protegidos pelo Black Bloc, convocados pelo Movimento Passe Livre do Rio e de Niterói, unidos contra a exploração dos oprimidos.

Do evento no Facebook:

Na segunda, dia 13 de Janeiro, os empresários aumentaram em mais de 20 centavos as passagens intermunicipais. O Ministério Público se pronunciou dizendo que deviam ter dado dez dias prévios de aviso, claramente ignorados.

E foi divulgado nesse mês que a partir do dia 02 de fevereiro de 2014 a Supervia está autorizada a praticar nova tarifa com valor de até R$ 3,20, segundo o Diário Oficial. E é provável que irão colocar o preço maior possível. Pois pelo “ciclo vicioso das tarifas” há tendência de sempre aumentar a tarifa para compensar o baixo rendimento com a diminuição de usuários, que são excluídos do transporte público por não poder pagar.

Nesse mês o prefeito eduardo paes declarou que vai esperar o parecer do tribunal de contas do município (TCM) a ser dado no início de Fevereiro, segundo um jornal. Esse último declarou no dia 20 de Dezembro que o aumento das passagens não é aconselhável e que há indício de “caixa preta” na estipulação da planilha de custos para justificar a tarifa. E que inclusive o valor de R$2,75 na passagem do Rio está alto demais! Nisso as empresas ligadas à FETRANSPOR foram na Justiça com uma ação exigindo a realização do aumento. E no dia em que ocorreu o ato contra o aumento, 28 de Janeiro, o Tribunal declarou ser a favor deste. Mesmo com toda a irregularidade na analise das contas da FETRANSPOR. E com isso, o Paes anunciou o aumento para 3 REAIS!!

É preciso lembrar que milhões de trabalhadores das cidades vizinhas e periferias dependem do transporte público como deslocamento para a capital, para trabalhar, estudar ou exercer seus direitos: como acesso à saúde, cultura e lazer. Por isso, são os maiores contribuintes e que mais tem gastos com transportes em toda a população.

#contraoaumento

#contraoaumento

E também no pagamento ao vale-transporte, muitas empresas não querem contratar quem mora distante dos locais de trabalho. Obrigando muitos a apresentar comprovantes de residência perto na capital e pagar do próprio bolso o transporte. A existência de tarifa já provoca, por isso, o desemprego por desalento, onde muitos desistem de procurar emprego por não poder arcar com as passagens. O aumento das tarifas só irá piorar esse quadro. Já são 37 milhões de brasileiros excluídos do transporte público, fazendo seus deslocamentos a pé ou vivem na rua por não poder retornar a seus lares.

Como romper com isso? Defendemos a Tarifa Zero, com o sistema completamente custeado pelo poder público (evitando um sistema que precisa funcionar na lucratividade das empresas) e voltado para as necessidades de mobilidade da população. O povo é que deve mandar no transporte! Até lá, seguiremos lutando pelo fim da exclusão de milhões de pessoas do transporte público! Por esses motivos, o MPL-Rio e MPL-Niterói convocam mais um ato! Não vamos aceitar!
Na luta contra todos os aumentos até que a tarifa baixe à zero!

Não é preciso dizer que a polícia militar do Rio de Janeiro foi extremamente truculenta, atacando os manifestantes com balas de borracha e bombas cada vez mais fortes de gás lacrimogêneo. 19 manifestantes foram presos, não sei em que foram enquadrados mas normalmente as acusações do estado variam entre formação de quadrilha, incendiário, corrupção de melhores, destruição da propriedade pública e até Lei de Segurança Nacional. Durante a Lei Geral da Copa, alguns trajetos da Cidade estarão em regime especial entre 22 de maio a 19 de junho e durante esse período manifestantes poderão ser enquadrados também como terroristas.

#contraoaumento #naovaitercopa

HIERARQUIA: A MATRIX REALMENTE EXISTENTE

PRESENTAÇÃO | DE REPENTE VOCÊ VÊ A MATRIX

DE REPENTE UMA VENDA CAI DOS SEUS OLHOS e você vê: A Matrix. E você a vê em todo lugar: em casa, na escola, na igreja, na empresa, no comércio, em uma partida de futebol, no trânsito, nos locais de atendimento público, nas mídias sociais…

Para ver a Matrix basta parar um instante e observar o comportamento das pessoas privadas. Quer um exemplo? Observe as filas dos bancos. Quando aquele paciente correntista chega à boca do caixa, depois de esperar uma eternidade, ele vai demorar tanto ou mais do que os que estavam à sua frente. É como se dissesse: “– Agora chegou a minha vez de fazer o que eu quiser, então vou conversar bastante com o funcionário, vou me informar sobre tudo, bater aquele papo, aproveitar para realizar várias operações… Os outros que esperem (como eu esperei). Porque agora chegou a minha vez”. Esse é um comportamento típico da pessoa privada (não-comum). Mas é incrível como as pessoas que reproduzem tal comportamento não se dão conta.

Quer outro exemplo? Observe com atenção o seu mural no Facebook ou a sua timeline no Twitter. Você verá multidões de amigos ou seguidores falando só do bem, do belo, do verdadeiro. Você verá pessoas escrevendo sobre ética, valores, consciência, transformação da sociedade… Verá pessoas postando fotos de gatinhos meigos, cachorros com lacinhos, crianças fofinhas com aqueles sorrisos lindos, paisagens fantásticas… Essas pessoas acham (ou, às vezes, nem acham porque estão agindo inconscientemente) que, assim, estariam se redimindo de algum pecado (e se livrando da culpa por não ser boas o bastante). Imaginam (ou até não imaginam, mas agem como se imaginassem) que construindo uma persona (pública) identificada com o bem, o belo e o verdadeiro, estariam se aperfeiçoando (já que avaliam que não são boas o bastante), consertando algum defeito que supostamente teriam trazido: de onde? Ora, elas não sabem e o fato de não-saberem, mas atuarem (num sentido psicanalítico do termo) desse modo, explica tudo (conquanto, para elas mesmas, não explique nada de vez que essas pessoas não estão buscando explicações para o que é como deveria ser).

O mais interessante que você verá nas mídias sociais são as multidões de pessoas comemorando as sextas-feiras! E outras multidões curtindo e retuitando essas manifestações de escravos. Automaticamente. Mas do quê mesmo elas querem escapar nos finais de semana? Se você quiser saber, entre em uma organização hierárquica. Qualquer uma. E observe como as pessoas se relacionam nesses ambientes estranhos, como se não fossem elas mesmas… Sim, são autômatos.

Durante várias décadas fiquei observando esse comportamento de rebanho. Imaginando, sem saber explicar direito, que a hierarquia introduz deformações no campo social capazes de induzir as pessoas a replicar certos comportamentos.

Comecei então a fazer explorações no espaço-tempo dos fluxos, para tentar captar a estrutura e a dinâmica que estariam por trás dessa matriz que produz replicantes.

Até que, de repente, vi uma coisa espantosa. E o que vi foi um ser não-humano – um monstro – representado na figura abaixo:

 

Foi assim então que eu vi a Matrix. E quando a vi me apavorei. A imagem é aterrorizante. Lembra aquelas naves de alienígenas predadores do filme de Roland Emmerich (1996) Independence Day.

Não por acaso. Organizações hierárquicas de seres humanos geram seres não-humanos. Mas alguma coisa impede que as pessoas vejam isso. Eis a razão pela qual resolvi escrever este livrinho.

São Paulo, final do inverno de 2012.

Augusto de Franco

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Alguns e Outros

Alguns estão vivendo o fim da Era de Peixes. Outros estão vivendo o início da Era de Aquarius.

Aquarius1

aquarius

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Amor livre é necessidade biológica de sobrevivência da espécie

Os homens do mundo estão acabando. O excesso de estrogênio em substâncias criadas pelo homem como agrotóxicos, plásticos, latas de comida e outros, estão contaminando toda a cadeia alimentar que multiplica a concentração ao longo do processo, chegando ao seu máximo no topo da cadeia alimentar: o homem.

A fertilidade masculina está em xeque, a contagem de espermatozoides é maior em homens de 40 anos do que de 20. Nascem muito mais mulheres do que homens porque o estrogênio entra na placenta na formação do feto através de outras proteínas que não são barradas como acontece com o estrogênio puro.

Além disso, os homens estão cada vez mais femininos, bebês muito expostos desenvolvem gostos semelhantes com das meninas, não jogam tanto futebol, tem mais amigas mulheres e talvez isso explique o crescimento exponencial de homens homossexuais.

Por um lado é muito triste que a fertilidade humana possa vir a acabar e a nossa raça seja destruída para que algumas pessoas possam ter mansões de 50 quartos e tomar Veuve Clicot no café da manha. Por outro, pode ser positivo porque se continuarmos crescendo e consumindo dessa maneira precisaremos de 4 planetas em 2050. A humanidade tem que parar de crescer ou mudar de mentalidade. Me assusta o futuro que vem pela frente.

Vai ser tipo filme!

E não tem jeito, as ciumentas vão sofrer muito ainda. Pela sobrevivência da espécie, os homens férteis terão que ser divididos e as previsões muçulmanas de haréns pós-morte serão realizadas no lado de cá. Bando de kamikaze otário.

Mais informações nesse documentário da BBC lançado há 11 anos atrás. Na época a circulação do filme foi proibida pelas grande empresas químicas, hoje está no Youtube.

http://www.youtube.com/watch?v=LkxIJJI37bQ

“Biocombustíveis são maior ameaça à diversidade na Terra”

Entrevista de Lester Brown para a Folha de São Paulo – 02/07/2007

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A catástrofe é inevitável

Pioneiro no movimento ambientalista prevê “disputa épica” entre os 800 milhões de donos de carros e os 2 bilhões mais pobres do planeta com a produção de álcool a partir de grãos

A AMBIÇÃO BRASILEIRA de criar um mercado mundial para o álcool em parceria com os EUA encontrou um opositor de peso em um dos pioneiros do movimento ambientalista: o americano Lester Brown, 72, com influência suficiente para ser ouvido no Congresso dos EUA, no Fórum Econômico Mundial ou na Academia de Ciências da China. Ele diz que o uso do milho por usinas de álcool desencadeou uma disputa de proporções épicas entre os 800 milhões de donos de carros e os 2 bilhões de pessoas mais pobres do planeta.

O aumento da demanda por milho para fabricação de álcool tem levado à inflação de alimentos em todo o mundo, diz Brown, com efeitos perversos para a população mais pobre.
A posição é semelhante à do ditador cubano Fidel Castro e do presidente venezuelano, Hugo Chávez, que vêem nos biocombustíveis uma ameaça à oferta de alimentos no mundo.
A tecnologia brasileira de fabricação de álcool a partir da cana-de-açúcar não escapa das críticas do ambientalista. “Se eu tivesse que identificar a mais importante ameaça à diversidade biológica da Terra, ela seria a demanda crescente por biocombustíveis”, disse Brown em entrevista por telefone.
O ambientalista afirma que a Terra não terá como acomodar milhões de chineses com o mesmo padrão de consumo dos norte- americanos. Se crescer a 8% ao ano, afirma, a China terá em 2031 renda per capita igual à dos Estados Unidos hoje.
Caso os chineses do futuro consumam como os americanos de hoje, o país asiático terá 1,1 bilhão de carros em 2031, mais que os 800 milhões existentes hoje no mundo. Para alimentar sua frota e seu crescimento, precisará de 99 milhões de barris de petróleo/dia, mais que a produção mundial atual, de 85 milhões de barris/dia.  

FOLHA – O sr. tem uma posição distinta da maioria dos ambientalistas em relação ao uso do álcool como combustível. Por quê?
LESTER BROWN
– Muitos ambientalistas estão mudando de posição em relação a essa questão. O cenário de um ano atrás não é mais o mesmo hoje, pelo menos não nos Estados Unidos. Se utilizarmos quantidades crescentes de grãos para dar combustível aos carros, isso levará à alta no preço de alimentos e será uma ameaça à população mais pobre do planeta.
Os ambientalistas estão retirando apoio ao álcool e falando em carros híbridos [movidos a gasolina e eletricidade] que podem ser recarregados em uma tomada, vistos cada vez mais como a solução para os Estados Unidos. O Toyota Prius é o carro híbrido mais popular nos Estados Unidos.
Se for agregada a ele uma segunda bateria com tomada, será possível recarregá-la à noite em casa. Com isso, os percursos de curta distância seriam realizados totalmente com eletricidade. Se fizermos isso nos Estados Unidos, poderemos reduzir nosso consumo de petróleo em cerca de 80%.
Se, ao mesmo tempo, investirmos em centenas de usinas eólicas [movidas a vento], agregaríamos energia barata à nossa rede de transmissão, o que nos permitiria ter energia equivalente a um galão de gasolina por US$ 1. Está surgindo uma grande coalização entre companhias de eletricidade, corporações, ambientalistas e governos municipais e estaduais para encorajar a adoção desse caminho.

FOLHA – O sr. fala em um “confronto épico” entre os 800 milhões que têm carros e as 2 bilhões de pessoas mais pobres do mundo, que vêem os preços dos alimentos subirem. Os vencedores desse confronto, pelo menos até agora, parecem ser os 800 milhões de motorizados, considerando os pesados investimentos na produção de álcool.
BROWN
– Por enquanto, os 800 milhões têm sido vitoriosos, porque houve enormes investimentos em usinas de álcool nos Estados Unidos. A capacidade de produção em construção é maior que a capacidade de todas as usinas criadas desde o início do programa [de fabricação de álcool], em 1978.
Até o fim do próximo ano, quase 30% da colheita de grãos irá para usinas de álcool, reduzindo a quantidade disponível para exportações. Como o mundo depende fortemente dos Estados Unidos, que é um dos maiores exportadores de milho e de trigo, isso vai criar problemas graves aos importadores de grãos, como Japão, Índia, Egito, Nigéria, México.

FOLHA – A recente inflação nos preços de alimentos no mundo pode ser atribuída ao álcool?
BROWN
– Há outros fatores, como falta de água, mas a causa principal da inflação nos últimos seis meses tem sido o aumento no preço de grãos. Isso ocorre em todos os lugares do mundo: no preço do porco na China, da tortilha no México, da cerveja na Alemanha.

FOLHA – Com tantos investimentos no setor, é possível uma reversão no uso de álcool nos Estados Unidos?
BROWN
– Ninguém sabe. O que começamos a ver é uma reação dos consumidores. Estamos em uma situação inusual, na qual subsidiamos a alta do preço de alimentos. Como contribuintes, estamos dando os subsídios que vão para a produção do álcool. Perdemos nas duas pontas, como contribuintes e como consumidores.

FOLHA – Além disso, a produção de álcool com milho é pouco eficiente.
BROWN
– Sim, especialmente se comparado ao álcool produzido por cana-de-açúcar. Para cada 1 unidade de energia usada na produção de álcool a partir do milho, é obtida 1,3 unidade de energia, o que dá um ganho de 30%. No caso da cana-de-açúcar, para cada 1 unidade de energia utilizada, são obtidas 8 unidades de energia.

FOLHA – O álcool produzido a partir da cana-de-açúcar é uma opção viável aos combustíveis fósseis?
BROWN
– Poderia ser nos países que podem plantar cana-de-açúcar. Nós não podemos plantar muito, porque estamos no hemisfério Norte. Mas, se países que já são grandes produtores, como o Brasil, tentarem satisfazer não apenas seu mercado interno mas também exportar, haverá desmatamento, pela expansão da produção de cana-de-açúcar ou porque a expansão da cana toma espaço de outras culturas, como soja [que ocupariam outras áreas].
A preocupação que está emergindo na comunidade internacional de ambientalistas em relação aos biocombustíveis é o efeito que eles estão tendo no desmatamento na Amazônia brasileira e no sudeste asiático, onde Malásia e Indonésia são os principais produtores de óleo de palmeira, que é usado como biodiesel.
Se eu tivesse que identificar a mais importante ameaça à diversidade biológica da Terra, ela seria a demanda crescente por biocombustíveis -álcool no caso do Brasil ou biodiesel no caso do sudeste asiático.
Eu não diria que o Brasil deve interromper sua produção de álcool. A minha sugestão é que o Brasil comece a desenvolver outras fontes de energia, incluindo a solar e a eólica, em que tem grande potencial.

FOLHA – A China acaba de superar os Estados Unidos como o maior emissor de gases de efeito estufa. A Terra é grande o bastante para acomodar os milhões de emergentes consumidores chineses?
BROWN
– Eu sempre escutei que os Estados Unidos, apesar de terem apenas 5% da população mundial, consumiam quase 40% dos recursos da Terra. Isso não é mais verdadeiro.
A China hoje consome mais da maioria dos recursos básicos do que os Estados Unidos, com exceção de petróleo. O consumo de carne da China hoje é o dobro do registrado nos Estados Unidos. O de aço é o triplo.
O que acontecerá se a China alcançar os Estados Unidos em consumo per capita? Se o crescimento chinês se reduzir para 8% ao ano, em 2031 a renda per capita da China será a mesma da dos Estados Unidos hoje [com valores ajustados pela Paridade do Poder de Compra].
Se os chineses tivessem o mesmo padrão de consumo dos americanos, em 2031 a população de 1,4 bilhão ou 1,5 bilhão da China consumiria o dobro da atual produção de papel de todo o mundo. Se houver três carros para cada grupo de quatro pessoas, como nos Estados Unidos hoje, a China teria 1,1 bilhão de carros. Em todo o mundo hoje há 800 milhões. O consumo de petróleo seria de 99 milhões de barris ao dia. A produção atual de petróleo é de 85 milhões de barris por dia.
O que a China está nos ensinando é que o modelo econômico ocidental, centrado em combustíveis fósseis, no uso de carros e no desperdício, não vai funcionar para o país. Se não funcionar para a China, não vai funcionar para a Índia, que em 2031 deverá ter uma população maior que a da China. Há 3 bilhões de pessoas nos países em desenvolvimento sonhando o sonho americano.

FOLHA – A questão é essa: todos sonham o sonho americano.
BROWN
– Sim, e em uma economia cada vez mais integrada, na qual todos nós dependemos dos mesmos grãos, petróleo e aço, esse modelo também não vai funcionar para os países industrializados. O que temos que fazer é pensar em uma nova economia, com fontes renováveis de energia, que tenha um sistema de transporte diversificado e que reúse e recicle tudo.

FOLHA – Há disposição entre os líderes chineses para mudar o padrão de desenvolvimento do país?
BROWN
– Eles publicam quase tudo o que eu escrevo. O primeiro-ministro Wen Jiabao começou a me citar em alguns de seus discursos. As coisas mais estimulantes que aconteceram em energia renovável nos últimos anos aconteceram na China. Até o fim deste ano, 40 milhões de casas terão água aquecida por energia solar, captada por painéis colocados nos telhados das casas, e o número deve quadruplicar até 2020.

FOLHA – É possível para a China mudar o padrão de desenvolvimento e caminhar na direção de fontes renováveis de energia sem sacrificar o crescimento econômico?
BROWN
– Se não reestruturarmos a economia mundial, o crescimento econômico será insustentável. Precisamos reestruturar a economia muito mais rapidamente do que a maioria das pessoas imagina.
Os números que mencionei sobre a China como nação consumidora se referem a 2031, quando eles estariam consumindo mais recursos do que o mundo possui.
Se não reestruturarmos a economia no mundo, o progresso econômico provavelmente não se sustentará.

——

Para mais informações sobre a catástrofe inevitável, recomendo a leitura:

Estado do Mundo 2013

O Black Bloc na perspectiva da não-violência e gestão da mente

Desde Junho que o Brasil vive uma nova dinâmica na política de rua. Protestos voltaram a fazer parte do cotidiano dos jovens, especialmente na cidade do Rio de Janeiro. Após a redução do aumento da tarifa no transporte público que desencadeou a onda inicial de manifestações ao redor de todo o país, outras anseios e indignações tomaram a pauta e as energias coletivas, incentivando novas formas de organização e a permanência do estado de debate e mobilização contra a desigualdade social, pelo afastamento do governador Sérgio Cabral, pela desmilitarização da polícia militar, democratização da dos meios de comunicação, tarifa zero, educação de qualidade para todos, fim da criminalização da pobreza e de políticas pacificadoras fajutas nas favelas, entre muitas outras.

Projetos de nação e de mundo alternativos ao vigente voltaram a ser debatidos especialmente por ativistas independentes e desinstitucionalizados. O protagonismo desse novo processo político saiu dos desgastados partidos que assumiram clara dificuldade em dialogar com as dinâmicas políticas em rede e descentralizadas, ou seja, sem representantes ou hierarquias. Entre essas novas estratégias de organização, chama-se a atenção para a interação rede-rua. As grandes mobilizações passaram a ser convocadas por determinados perfis de grupos hackers como o Anonymous (e suas várias ramificações), articuladas através de hastags variadas como #protestosbr ou #protestosrj, organizadas dentro de grupos nas redes sociais. Ao mesmo tempo, seguiu-se o modelo global de ocupações dos espaços públicos enquanto representação de retomada do território comum de encontro nas praças e ruas em geral. Nasceu o Ocupa Cabral (acampamento de ativistas que reivindicavam um governo mais justo e o afastamento do atual governador na frente da sua moradia em um apartamento de luxo no Leblon), o Ocupa Câmara (acampamento de ativistas interna e externamente à Câmara dos Vereadores na Cinelândia focado no acompanhamento de processos legislativos municipais, especialmente da CPI dos Transportes) e diversas ocupações autônomas menores em diversos bairros da cidade. Estes espaços ocupados tornaram-se focos de interação presencial dos perfis em rede, desencadeando diversos eventos culturais de troca de experiências e articulações entre coletivos antes dispersos, debates e formações sobre temas variados e vivência da autogestão tão teorizada pelos acadêmicos anarquistas antepassados.

Em resumo, toda esta complexa e encantadora trama de organização política descontrolada e autônoma dos governos em gestão somada com atos quase diários em protesto e a explanação das mais diversas injustiças e opressões dos povos pelos seus representantes democraticamente eleitos, passou realmente a incomodar o sistema vigente, atingindo até aos protegidos empresários e lobbistas do status quo. Em resposta, o estado endureceu suas medidas de repressões e vigilância em cima dos ativistas que passaram a proporcionalmente radicalizar a resistência em respostas enérgicas à cada vez maior repressão violenta do estado incorporado na Polícia Militar do Rio de Janeiro (PMRJ).

Este ciclo vicioso de competição de forças entre a PMRJ e os manifestantes passou por diversos estágios de amadurecimento em ambos os lados. Grupos especializados na repressão estão sendo treinados por polícias estrangeiras enquanto concretizam-se grupos focados na resistência enérgica pelo lado dos ativistas, o mais famoso deles é o Black Bloc. Jamais se assumindo enquanto grupo organizado, o Black Bloc é uma tática de defesa dos manifestantes da repressão e tentativa de silenciar os protestos pelo estado. Embora no Brasil a tática tenha uma atuação política no sentido de soltar notas, convocar atos, fazer mídia nas redes sociais, sabe-se teoricamente impossível a associação de pessoas específicas à liderança deste organismo social. Seria o mesmo que nomear representantes dos que viram bananeiras ou dão estrelas na praia. É uma expressão física que pode ser incorporada por qualquer um que se prepare minimamente. Obviamente optar por essa estratégia de organização não é a toa, enquanto tática não existem lideranças a serem eliminadas ou encarceradas, dificultando a ação de extermínio de inimigos pelo estado.

Segundo a Wikipedia: “Black bloc é o nome dado a uma tática de ação direta, de corte anarquista, caracterizada pela ação de grupos de afinidade, mascarados e vestidos de preto que se reúnem para protestar em manifestações de rua, utilizando-se da propaganda pela ação para desafiar o establishment e as forças da ordem. Do que se pode apurar, esses grupos são estruturas efêmeras, informais, não hierárquicas e descentralizadas. Unidos, adquirem força suficiente para confrontar a polícia, bem como atacar e destruir propriedades públicas e privadas. As roupas e máscaras pretas, que dão nome ao grupo e à tática, visam garantir o anonimato dos indivíduos participantes, caracterizando-os, em conjunto, como um único e imenso bloco.

A expressão Schwarzer Block nasce no início dos anos 1980 na Alemanha. Foi de fato utilizada pela primeira vez por parte da polícia alemã durante as manifestações e passeatas antinucleares e em favor da Rote Armee Fraktion, geralmente usavam roupas e máscaras negras para que o conjunto dos manifestantes formasse uma massa compacta e bem identificável, seja para parecerem numericamente superiores, seja para atraírem a solidariedade e a ajuda de outros grupos ideologicamente afins, durante as manifestações. As máscaras e os gorros ou capacetes têm a função de proteger os membros do grupo e ao mesmo tempo impedir a identificação dos participantes, por parte da polícia.”

Embora a mídia tenha insistido em pautar os manifestantes que estão na rua desde junho como antagonicos: os pacíficos e os vândalos, essa separação nunca existiu. Desde a grande marcha do dia 20 de Junho em que um milhão de pessoas caminharam na Presidente Vargas e a polícia reprimiu violentamente os que se aproximavam da prefeitura, ficou claro a necessidade de resistir a essa tentativa de silenciar o povo pela parte do estado. A dinâmica dos atos sempre funcionou em duas etapas, um momento inicial de politização e confraternização em caminhada (que pode ser interpretado como pacifico) e um segundo momento de confronto entre os opressores e os oprimidos. Não é de hoje e não é daqui que os protestos funcionam assim. Não existem duas manifestações separadas no mesmo percurso, essa é a dinâmica normal de funcionamento ao redor de todo o mundo. E quanto maior vão ficando as tensões, quanto mais exposto ficam as contradições do sistema e as injustiças e desigualdades pelas quais passam os homens geridos por uma classe política em crise de representatividade, mais radical fica esse confronto.

Pode-se fazer uma boa análise do estado mental de um povo de uma região à partir do modo como se manifesta. Não é coincidência que em todo o Brasil as manifestações rapidamente perderam força, sucumbindo às pressões do dia a dia e ao desinteresse daqueles que não lutam sem propósito concreto como era a diminuição do aumento da tarifa (os famosos 20 centavos). Porém no Rio de Janeiro elas continuaram e uma cultura política de rua renasceu entre os jovens da cidade. O Rio, além de já estar em processo de mobilização política jovem há algum tempo (Rio+20, OcupaRio, campanha eleitoral do Marcelo Freixo), é foco da maior desigualdade social no país ao mesmo tempo em que é a cidade que mais recebe investimentos estrangeiros e agora cede dos megaeventos absurdos como a Copa do Mundo e as Olimpíadas.

Tamanha incoerência que é a cidade do Rio de Janeiro não deixa de afetar o inconsciente dos cariocas. A revolta já ultrapassa os limites do comportamento de aceitação e moderação sugeridos pela sociedade moralista e supercatólica brasileira. Os corações e as mentes estão entupidos de ódio, inveja, rancor e, a mais venenosa, rejeição. A rejeição do estado que incorpora o papel do pai na mente do cidadão. O estado-pai, que deveria prover para sua família-cidadã e que coloca cada vez mais o povo nessa posição de dependência com as políticas de distribuição de migalhas do governo do Partido dos Trabalhadores, não dá conta de disfarçar a corrupção de suas lideranças, o descaso com os que pagam impostos e a clara proteção da elite empresarial milionária da Zona Sul. É a total rejeição dos que mais necessitam de auxílio do estado que faz com que o povo torne o seu desespero em ações concretas de repúdio e violência, assim como uma criança que esperneia para chamar atenção de seu pai que apenas dá atenção ao irmão mais novo.

Sendo assim, até mesmo aqueles que não sentem o impulso incontrolável da psicologia das massas de Freud de libertar seus instintos mais reprimidos quando em grupo (máscarados e equipados) e quebrar todos os bancos e seus lucros bilionários e jogar coquetéis molotov no batalhão de choque da PMRJ que revida com centenas de bombas que equivalem, cada uma, ao salário de um professor da rede estadual e municipal de educação, consideram o Black Bloc legítimo enquanto defensor do povo. Assim como a lei que prende o pai que falta com o pagamento da pensão dos seus filhos, o Black Bloc representa a justiça nas mãos do povo abandonado e explorado.

O preocupante, no entanto, é o rumo que estes salvadores mascarados podem dar ao futuro do país. Enquanto as ações de resistência vem se radicalizando proporcionalmente às politicas de repressão do estado e à formação dos jovens militantes, milhares dos que compareciam aos protestos preferem ficar em casa e acompanhar via streaming pela internet. Não por não estarem de acordo com as ações mas por medo, nem todos tem tanta coragem ou tanto ódio a ponto de estarem dispostos a levar balas de borracha e ingerir gases tóxicos seguidamente. Assim a frequência nas manifestações diminui e a mídia consegue proliferar a ideia de que não há mais pelo o que lutar, de que o povo voltou a estar satisfeito e que agora somente os vândalos sem causa estão nas ruas. A massa acredita e vence a elite opressora que segue explorando e oprimindo livremente.

Outro resultado preocupante é a vitória da revolução liderada por estas práticas violentas. O sistema vigente é fundamentado na violência. Vivemos a era da guerra aérea, psicológica e cibernética. Vende-se violência no cinema, nos livros, nos jogos de video-game, no sexo (fetiche), na comunicação, nas relações interpessoais, nos processos de exploração dos recursos naturais, na hierarquia das instituições, na relação chefe-empregado, dominante-dominado, pai-filho, professor-aluno, etc. Será que precisamos de uma revolução que vença baseada na mesma ideologia já posta? Isso sem contar que não há como competir com o arsenal bélico ultramoderno de qualquer país do mundo hoje, então se propor a vencer um sistema com as armas do próprio sistema não seria suicídio? Podemos interpretar inclusive essa proposta de revolução enquanto vontade de autodestruição da sua vanguarda (e, se vitoriosa, autodestruição do mundo).

Uma revolução necessária é aquela baseada em outros valores, os que foram esquecidos no atual sistema mas que deram início ao mesmo, há muitos anos atrás, na Revolução Francesa: igualdade, liberdade e solidariedade. Claro que estes conceitos passaram por diversas modificações de acordo com a evolução do homem e do mundo que passou pelo capitalismo e o neoliberalismo mas basicamente são os mesmos propulsores da verdadeira mudança. Igualdade: a verdade de que todos somos um, liberdade: o empoderamento do homem livre das hierarquias e do patriarcado e a cultura da autogestão de todos os processos da vida humana assim como é na natureza, solidariedade: amor incondicional e aproprietário.

Porém vivemos um terrível paradoxo, Terry Eagleton escreve, “se, com muita frequência, conhecer o mundo significa atravessar complexas camadas de autodecepção, conhecer a si mesmo envolve ainda mais disso. Somente pessoas excepcionalmente seguras podem ter a coragem de se confrontar dessa maneira, sem racionalizar o que desenterram e nem se deixar consumir pela culpa estéril. Só alguém certo de estar recebendo amor e confiança pode alcançar essa espécie de segurança.” Sabemos que uma revolução somente é verdadeira se fundamentada no amor e não no seu oposto, a violência. Porém para fazer essa revolução precisamos nos sentir seguros para criar os estados mentais ideais para isso. E o que fazemos, hoje, ao resistir violentamente é exatamente o oposto, proliferamos a insegurança e o ódio. Mantemos as pessoas assustadas em casa assistindo à autonomeada vanguarda se manifestando em estado mental absolutamente oposto e não criamos a situação de amor e confiança necessárias para a criação dos estados mentais de real oposição ao sistema vigente.

Enquanto proliferarmos o medo, o ódio, a vingança e a inveja estaremos apenas trabalhando para a manutenção de tudo aquilo que já não suportamos. Nesta perspectiva, concluo então, consciente das possíveis críticas fundamentalistas dos violentos, que o Black Bloc está a serviço inconsciente do sistema. Proliferando os estados mentais ideais para que o povo jamais se sinta seguro para se amar e, à partir daí, fazer a revolução que tanto precisamos e sonhamos.