Dizer que eu pertenço a mim mesma é a luz no fim do túnel. O sonho. O objetivo.
Mas eu tô aqui sentada no fundo do poço. Observando. Daqui vejo muita coisa:
Vejo todos os lugares onde ainda há dependência no outro.
Vejo a carência e o desejo de ser cuidada ou salva por alguém.
Vejo os nós que ainda me atam ao passado.
Vejo escolhas feitas sem consciência que criaram elos por onde outros se plugam nos meus centros energéticos.
Vejo um corpo triste que está tão mas tão sugado que não tem energia suficiente pra operar nem no nível mais básico.
Vejo toda vez que senti amor e entreguei o jogo.
Vejo a mártir que tentou salvar os outros e acabou gerando uma dependência deles nela (tirando deles o aprendizado e a força que vem com as dificuldades).
Vejo uma menina que tem pena de quem sofre e ainda não consegue honrar o sagrado no adoecimento.
Vejo a que ainda quer curar até quem a machuca. Ingênua que ainda sonha com um mundo em que todos sejam felizes.
Vejo a fascinação e a obsessão do outro por mim.
Vejo o arquétipo da dona de casa.
Vejo a necessidade de controle da mente.
Vejo a invasão e o desrespeito.
Vejo a necessidade de escolher a vida com fé e força.
Vejo um processão de reconstrução à partir desse lugar da onde vejo tudo que ainda me impede de me auto-possuir.
Vejo um futuro possível.
Vejo uma saga de busca pela minha liberdade pelo esforço, perseverança e paciência.
Mas ainda falta…
Por enquanto fico aqui. Na lama.
De olhos bem abertos.
Aprendendendo com o melhor dos professores: o sofrimento.
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