Eu estava com medo da matéria.
Depois de muitos anos vivendo como uma monja em solitude e profunda entrega espiritual, me vi com dificuldade de voltar pro chão.
Primeiro, o julgamento e a separação patriarcal: matéria é ruim. Espírito é bom.
Segundo: é seguro estar incorporada? É seguro sentir? É seguro não usar a mente de escudo?
Os pensamentos começaram a diminuir e me vi voltando para o armário escuro onde me escondia da minha mãe.
Me esconder na sombra se tornou estratégia de proteção.
É seguro não pensar o tempo todo?
Entrei em processo. No túnel do trabalho interno sem entender o porque do caos.
Quase causei brigas.
Quase fui embora.
Quase traí.
Procurando uma sombrinha pra me esconder…
Forçando a mente a estar ativa o tempo todo.
Raiva.
Preguiça.
Culpa.
E me identificando com o pior.
Com a comparação.
Inveja.
Julgamento.
Era medo. Medo da matéria. Medo da vida. Medo do silêncio mental que a intensidade de relação pode proporcionar. Medo dos convites da vida. Medo das escolhas que precisam ser feitas quando se vive.
Como é bom estar viva.
Como é bom ver a vida vibrante acontecendo.
Como é bom ter pessoas ao redor.
Como é bom pegar sol e mergulhar no oceano.
Como é bom ter dilemas éticos causados por testes difíceis do Universo.
Como é bom ser feliz.
E como isso tudo dá é medo!
Leave a Reply