Você não quer mudança.
Você não quer a refoma agrária.
Você não quer o fim da pobreza.
Você não quer o fim do racismo.
Você não quer a total integração da comunidade LGBTQ+.
Você não quer a implantação da sustentabilidade ambiental e climática.
Você não quer o fim do capital.
Você quer falar sobre isso.
Você quer lutar por causa disso.
Você quer se juntar com 100 mil pessoas na rua e vibrar raiva pro Universo em unísono por causa isso.
Você quer sentar no bar e tomar uma breja falando sobre isso.
Você quer criar memes disso.
Você quer encontrar seus amigos na reunião do coletivo.
Você tá viciado na sensação de ser injustiçado.
Você sente prazer na raiva. Na separação. Na briga. Na luta. Na crítica pela crítica.
Você se sente superior por não ter tanto quanto os outros como se isso te enobrecesse.
Você se acha melhor do que quem tem qualquer tipo de privilégio. E você acha que isso te dá o direito de levar uma caixa de som pra praia no Leblon e colocar o funk às alturas, esses ricos que se fodam.
Você acha que isso te dá o direito de jogar lixo na rua.
Você acredita que isso te permite ser mal educado. Entitulado.
É capaz que essas causas paguem até seu salário.
Te deêm o “status” de liderança comunitária.
Tem muito de você investido nessas “lutas” e você quer mais é continuar lutando. Vencer não é o objetivo.
E se alguém chegar com a perspectiva diferente da sua: você vai nomear mais um novo inimigo! Afinal, você ama ter inimigos. Você precisa ter inimigos para se sentir ancorado na realidade que você protege com unhas e dentes como a única possível.
E se alguém desafiar a sua visão de mundo: você vai destruir essa pessoa violentamente.
Porque o Capital é o que você conhece. É ruim mas pelo menos não é o desconhecido.
E como o agente BioNTech que você se torna à mínima ameaça do status quo (o acordo com o diabo da humanidade), você vai lutar pra defendê-lo de qualquer fator estranho (orgânico) que possa interferir na sua versão de realidade.
Porque você está fingindo. Que nem os atores na televisão.
Você é um ator em uma peça de teatro permanente.
No grande palco do Capital.
E eu não vou me juntar a você.
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